#475569

O que é depressão?

Dr. Miguel A. V. Franco

Dr. Miguel A. V. Franco

Psiquiatra

Publicado em 02/04/2024

A depressão é um transtorno psiquiátrico complexo que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, caracterizada por uma tristeza profunda e persistente diferente da tristeza como uma emoção contextualizada, coerente e proporcional ao impacto de um evento negativo, nesse caso é considerada uma resposta normal. Já a tristeza não justificável, ou seja não decorrente de evento, vivência ou perda em si, também experimentada de forma desproporcional ou seja persistente e deteriorante tanto física quanto psiquicamente, enquadra-se como um possível sintoma de depressão assim como humor depressivo, desinteresse, perda do prazer e principalmente falta de energia.

Pessoa recebendo terapia de um profissional de saúde mental, em um ambiente acolhedor e seguro

Trata-se de um transtorno mental grave que afeta o humor, os pensamentos e o comportamento de uma pessoa. Os sintomas podem incluir tristeza persistentes, perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas, alterações no apetite e no sono, fadiga, sentimentos de desesperança e até mesmo idealização suicida. É importante distinguir a tristeza normal e a depressão clínica para garantir tratamento e apoio emocional adequados.

Quais as causas?

A causa da depressão ainda é alvo de estudo, pesquisas apontam que um episódio depressivo seria resultado de uma complexa interação de processos biológicos como resposta ao estresse, psicológicos de personalidade e relacionamentos pessoais, ambientais como dieta, álcool, ritmos biológicos e genéticos. A herdabilidade da depressão foi estimada de 40 a 50%, dando espaço a interferência de fatores socioambientais, considerando que fatores ambientais modulam a atividade de genes (epigenética) o que confere diferentes suscetibilidades à depressão entre indivíduos.

Dentre os fatores de risco ambientais, destacam-se o uso de substâncias psicoativas como álcool, drogas, inibidores do apetite, a alteração dos ritmos biológicos como privação de sono e eventos adversos precoces, como perda parental, percepção de falta de afeto parental, baixo suporte social e abuso físico e/ou sexual na infância. Na maioria dos deprimidos, atuam como desencadeantes e não representam fatores causais isoladamente.

Sintomas

A depressão é uma condição complexa, caracterizada por sintomas afetivos, cognitivos, psicomotores e físicos. Os principais sintomas são: redução de energia e da capacidade de sentir prazer (anedonia) e humor depressivo podendo acarretar em irritabilidade ou desinteresse com apatia. Em casos em que a presença é mais acentuada, também se observam retardo psicomotor, lentidão de raciocínio, queda na concentração, cansaço e pensamentos e sentimentos enviesados para o polo negativo como por exemplo baixa autoestima, culpa, pessimismo, tédio, desesperança e morte. A realidade é distorcida para o negativo e os deprimidos aumentam ou criam problemas. Sintomas físicos, como insônia inicial ou com despertar precoce; sono não reparador e alterações no apetite e no peso são comuns.

Tratamento e Perspectivas futuras

O tratamento da depressão geralmente envolve uma combinação de psicoterapia, medicamentos e mudanças no estilo de vida. A terapia cognitivo-comportamental é frequentemente recomendada para ajudar os indivíduos a identificar e desafiar padrões de pensamento negativos e desenvolver habilidades de enfrentamento saudáveis. Os medicamentos são fortes aliados comumente prescritos para aliviar os sintomas da depressão. Além disso, a prática regular de exercícios físicos, uma dieta balanceada, sono adequado e o apoio social podem desempenhar um papel crucial no tratamento e na prevenção da depressão. Quanto às perspectivas futuras, espera-se que avanços na pesquisa continuem a melhorar nossa compreensão da depressão e a desenvolver tratamentos mais eficazes e personalizados para aqueles que sofrem com essa condição debilitante.

PsiquiatriaPsicologiaPsicologia InfantilMedicina de Família

Referências

1. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. (2013). DIAGNOSTIC AND STATISTICAL MANUAL OF MENTAL DISORDERS (5TH ED.). ARLINGTON, VA: AMERICAN PSYCHIATRIC PUBLISHING.

2. KESSLER, R. C., BERGLUND, P., DEMLER, O., JIN, R., MERIKANGAS, K. R., & WALTERS, E. E. (2005). LIFETIME PREVALENCE AND AGE-OF-ONSET DISTRIBUTIONS OF DSM-IV DISORDERS IN THE NATIONAL COMORBIDITY SURVEY REPLICATION. ARCHIVES OF GENERAL PSYCHIATRY, 62(6), 593-602.

3. CUIJPERS, P., VOGELZANGS, N., TWISK, J., KLEIBOER, A., LI, J., & PENNINX, B. W. (2014). COMPREHENSIVE META-ANALYSIS OF EXCESS MORTALITY IN DEPRESSION IN THE GENERAL COMMUNITY VERSUS PATIENTS WITH SPECIFIC ILLNESSES. AMERICAN JOURNAL OF PSYCHIATRY, 171(4), 453-462.

4. WILES, N. J., FISCHER, K., COWEN, P. J., & NUTT, D. J. (2019). EVIDENCE-BASED TREATMENT OF DEPRESSION: AN UPDATED REVIEW OF KEY BIOLOGICAL MECHANISMS, CLINICAL EFFECTS AND RESEARCH PRIORITIES. EUROPEAN NEUROPSYCHOPHARMACOLOGY, 29(4), 461-483.

5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. (2013). DIRETRIZES BRASILEIRAS DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA DEPRESSÃO. RETRIEVED FROM HTTP://WWW.ABP.ORG.BR/UPLOADED/ARQUIVOS/ABP_DIRETRIZES_3EDICAO_2013_FINAL.PDF

Dr. Miguel A. V. Franco

Escrito por Dr. Miguel A. V. Franco

Psiquiatra

CRM 132075

Você tem uma pergunta?

Este serviço não substitui uma consulta com um profissional de saúde. Se tiver algum problema ou urgência, dirija-se a um especialista.

Pergunta

Depressão tem cura?

Dra. Sara Lemos

CRM-MG: 48683

A depressão é uma condição tratável, e muitas pessoas experimentam alívio significativo dos sintomas através de tratamentos adequados, que podem incluir terapia, medicação, mudanças no estilo de vida e suporte social. A remissão dos sintomas da depressão pode ser alcançada, e muitas pessoas vivem períodos longos, até mesmo a vida inteira, sem sintomas após o tratamento. No entanto, a depressão pode ser recorrente para alguns indivíduos, exigindo manejo contínuo. Nesse sentido, enquanto a remissão de longo prazo pode ser semelhante a uma "cura" para alguns, outros podem considerá-la mais como uma condição crônica que requer gestão ao longo da vida. Embora a "cura" possa significar diferentes coisas para diferentes pessoas, é importante enfatizar que a depressão é uma condição tratável, e muitos podem alcançar remissão dos sintomas ou uma melhoria significativa em sua qualidade de vida com o tratamento adequado. Se você ou alguém que você conhece está lutando contra a depressão, buscar ajuda profissional é um passo crucial em direção à recuperação.

Dra. Sara Lemos

Pergunta

Posso ter depressão grávida?

Dra. Sara Lemos

CRM-MG: 48683

Sim, é possível ter depressão durante a gravidez. A depressão gestacional, também conhecida como depressão pré-natal, pode afetar mulheres durante a gravidez, independentemente de terem ou não histórico prévio de depressão. As mudanças hormonais significativas, as alterações no corpo e na imagem corporal, o estresse, e as preocupações com a saúde do bebê e as mudanças de vida que virão com a maternidade podem contribuir para o desenvolvimento da depressão durante a gravidez. Reconhecer e tratar a depressão durante a gravidez é crucial tanto para a saúde da mãe quanto para a do bebê. A depressão não tratada na gravidez pode levar a complicações, como parto prematuro, baixo peso ao nascer, e dificuldades no vínculo entre mãe e filho. Além disso, pode aumentar o risco de a mãe desenvolver depressão pós-parto. Se você está grávida e sentindo sintomas de depressão, é importante não hesitar em buscar ajuda.

Dra. Sara Lemos

Pergunta

Como saber se meu filho tem depressão?

Dra. Sara Lemos

CRM-MG: 48683

Identificar a depressão em crianças pode ser desafiador, pois elas podem ter dificuldade em expressar seus sentimentos ou podem não entender o que estão sentindo. A depressão em crianças pode manifestar-se de maneiras diferentes das dos adultos, então é importante estar atento a sinais e comportamentos que podem indicar a presença deste transtorno. Aqui estão alguns sinais e sintomas a observar: mudanças no humor ou comportamento; alterações do sono, alterações no apetite ou peso; queixas físicas frequentes como dores de cabeça ou barriga; baixa estima; dificuldade de concentração; falta de energia ou motivação; e pensamentos ou expressões de autolesão ou suicídio. Se você observar alguns desses sinais no seu filho por mais de duas semanas, é crucial procurar a ajuda de um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra infantil. Lembre-se de que é importante abordar esses problemas com sensibilidade e apoio, garantindo à criança que ela não está sozinha e que há ajuda disponível para fazê-la se sentir melhor.

Dra. Sara Lemos

Pergunta

Quais são os efeitos colaterais mais comuns da sertralina?

Dr. Rodrigo Athanazio

CRM-SP: 122658

Os efeitos colaterais mais comuns da sertralina, um medicamento frequentemente usado para tratar depressão e outros transtornos de ansiedade, incluem náuseas, diarreia ou constipação, tremores, disfunção sexual (como diminuição da libido e dificuldades de ejaculação ou orgasmo), fadiga, insônia ou sonolência, e aumento do suor. É importante notar que nem todos os pacientes experimentam esses efeitos e a intensidade pode variar de paciente para paciente. Outro ponto importante é que os efeitos colaterais tendem a ocorrer, na sua maioria, nas primeiras semanas de uso do remédio e melhorar com o passar do tempo.

Dr. Rodrigo Athanazio

Pergunta

Qual é o intervalo de tempo recomendado para retomar o tratamento com escitalopram após o consumo de álcool?

Dr. Rodrigo Athanazio

CRM-SP: 122658

O consumo de álcool durante o tratamento com escitalopram, que é um medicamento comumente prescrito para transtornos de ansiedade e depressão, não é recomendado devido ao potencial aumento dos efeitos colaterais e diminuição da eficácia do medicamento. No entanto, não há um intervalo de tempo específico recomendado para retomar o medicamento após o consumo de álcool. O ideal é evitar o álcool durante o tratamento e discutir qualquer consumo com seu médico, que poderá fornecer orientações específicas baseadas em sua condição de saúde e histórico médico.

Dr. Rodrigo Athanazio